segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Destinatário

Existe um destinatário pra essa quase-possível-torpe poesia?
Existe alguém para ler essa rotina de palavras tão febrilmente quanto eu escrevo?
E amá-la em igual intensidade?
Sentir a linha seguinte gritar aquidentro,
ver crescer esse desabafo quase sempre pessoal
ou às vezes completamente impossível e distante?

Quem acompanha as madrugadas de café
e frio dessa sala quase azul?
Quem pode me ver vestindo meu pijama juvenil, ouvindo Ana Carolina
e escrevendo sobre essas pequenas-grandes coisas que me atormentam e que me mantém?
Quem puxa a cadeira para que meu eu-lírico se acomode e me sussurre o que precisa ser dito?
Quem me consola depois, quem participa desse processo de pântanos e paraísos sentimentais?
Quem poderia entender o que ocorre aqui quando não consigo me concentrar em mais nada além do que vive aqui?


Existe um destinatário?
Não... é presunção demais achar que uma pessoa seja responsável pelo que aquivive.
É inegável que grandes e irrelevantes seres momentaneamente impulsionam minha inspiração... mas é só estopim, passível de substituição.

Bom mesmo é quando eu e a garota devaneios estamos sozinhas, bem aqui... Trocando olhares e questionamentos...
Cantarolando The Beatles e vendo as horas correrem nesse mar de irresponsabilidade acadêmica e satisfação lírica.

É aqui que tudo (ou quase tudo) se materializa e permanece
ou ainda se esvanece entre as palavras que muitas vezes não posso pronunciar.

Hoje existe um destinatário... ele não vai ler, nem saber,
mas ele já vive aqui. Não é o óbvio, mas é novo, surrealmente intenso e gratuitamente se instalou e anda tomando meus dias.

Falta pouco pra ele tomar todo espaço
em que vive a poesia

Para que finalmente viva também o amor.

No matter what I say or do
The message isn't getting through
And you're listening to the sound
Of my breaking heart

(James Blunt)

domingo, 30 de agosto de 2009

Sobriedade

Passei horas me enganando em sites torpes e idéias sem futuro.

A verdade é que esse meu jeito hipérbole de ser não me deixa viver os minimalismos da vida em paz.
Não consigo admitir a espera, a incerteza ou mesmo a inconstrância que me visita à intervalos estranhos e sem razão.
Tenho sido egoísta e tenho falado e pensando em mim mesma.
Tenho me mantido nesse silêncio intocado de mesmice e falsas esperanças.


Ser assim me faz ser quem eu sou... Não posso mudar, não sobraria mais nada...


Me inquieta e me faz vacilar perantes meus próprios desígnios.
Me desfaço em lágrimas ou palavras, tanto faz.
Essa verborragia é sintoma de saudade.
Saudade do que eu nunca senti.
Dos cheiros que me fazem falta, dos sorrisos que não me acompanham e das novidades que não me atingem.

Estou me cansando, isso é fato.
Esse uso de primeira pessoa é ridículo, já disso isso antes.
Será esse o propósito dessa 'quase-poesia' coberta de narcisismo?
Será essa a tal finalidade desses desencontros?


É a manhã de domingo batendo na janela.
Receio não haver sol.
Ainda que eu o anseie desesperadamente.


"Abençoados os que esquecem, pois aproveitam até mesmo os seus equívocos"
Nietzsche

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A chuva tem poder.

Me trouxe novos olhares.

E lavou velhos sentimentos.

Quando olho pela janela e vejo o dia cinza, aqui brota um sorriso completamente novo.

Que permaneça.


E 'que seja eterno enquanto dure'.

domingo, 23 de agosto de 2009

Suposto samba

Escutar samba me faz querer praia, novo amor, Cazuza e o balanço de uma rede.
Me escuto cantarolando e quero uma tarde de domingo só pra mim, só pra satisfazer meu desejo supostamente perpétuo de tocar violão,
entender um pouco mais os mecanismos da saudade,
conviver com as marés sentimentais aqui dese cerrado de incertezas.

Escutar samba me faz querer sol e sal,
deitar na areia da praia da quietude que é própria de quem se basta,
e se quer, assim mesmo, do jeitinho que é.
Aceitar-se e sorrir é preciso.

Essa cadência melancólica põe no liquidificador os sentimentos que ainda vivem aqui,
e quase alcança os futuros.
Tudo assim, com a delicadeza do 'monstro de delicadeza' de Vinícius...
Com a sutiliza das palavras ditas devargazinho,
como quem quer imitar as ondas do mar,
como quem quer naufragar esse barco cheio de porquês e textos mal escritos.

Essas palavras me calam. Posso quase me ver por fora, melancolicamente construída.
Constantemente exagerada.
Talvez o exagero sentimental desse samba me faça sentir quem eu sou, afinal.
Não é bem um rótulo,
mas esse 'samba-saudade' altera o jeito de sentir essa falta.


(Já dizia o orkut: Música boa, sem rótulos)

Perdi muito tempo escolhendo e perdendo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Beija a minha boca e me faz esquecer as pequenezas do meu dia.
Me abraça tão forte que posso sentir seu corpo como parte do meu.
Me olha e provoca meus sonhos.
Me deixa sem vontade de ninguém mais além de você.
Seu cheiro embriaga e confunde meus sentidos da maneira mais inexplicável possível.
Consegue me fazer dizer palavras que não são minhas,
me faz querer mais, muito mais do que posso sequer admitir.
Segura minha mão com cuidado
e não me deixa opção senão te querer em overdose,
em todos os momentos domeu dia,
em todas as ocasiões,
probleminhas
e obviedades da vida.
Me diz as palavras certas e me hipnotiza com seu sorriso doce e malicioso.
Me surpreende com sua intensidade,
me enlouquece com seus beijos bem calculados e telefonemas oportunos.
Me mantém amarrada à esse desejo.
Quero, e não nego. Você sabe me tirar de mim mesma.
Não acho explicação para querer sentir seu cuidado e abraços à intervalos medidos pela minha vontade.
Dê fim à essa saga de você.
De uma vez por todas.



(Me recuso a colocar a data certa. Que seja.)








'Eu paro e faço um desejo...'

sábado, 1 de agosto de 2009

Tenho formas de me definir(?) e de pensar eu mesma tão distintas e variáveis que escolher uma só seria self-covardia.
Tenho milhões de idéias pré-estabelecidas,
lágrimas sem razão,
músicas sempre repetidas,
sorrisos,
ideologias fracassadas,
sonhos insanos,
planos plausíveis,
detalhes inomináveis.

Tenho formas de me entender que variam com o mês, com o dia da semana, com a maneira que o sol toca meu quarto, com as palavras que escuto ao longo do dia.

Tenho uma auto-imagem fragmentada e bem completa,
marcada pela inconstância
e a passionalidade que são tão minhas.

Lanço olhares sobre meu espírito continuamente, questionando a pertinência do seu governo.
Me pergunto tudo sempre.
Racionalização necessária pra seguir em frente...

Bagunço minhas memórias e certezas. E frequentemente construo memórias. Profilaxia.

Posso escolher mil jeitos de me definir, mas nenhum suficientemente fiel.
Não é soberba.
É só que falar de sentimentos é muito mais difícil que vivê-los.
Se definir é muito pouco perto da complexidade de viver.