domingo, 25 de outubro de 2009

Previsivelmente

Frequentemente tinha vontade de sair correndo.
De largar tudo pra depois, pra um data indeterminada.
Queria apenas esquecer.

Queria ser clichê e aceitar isso bem calmamente.
Queria saber sobre o que escrever agora.

Quase sempre queria escutar uma música que ainda não existe
ou ouvir uma palavra completamente nova.

Tudo é tão pouco.
Nada é tão interessante.

Seus olhos castanhos estão querendo mudar de cor,
seu cabelo está se rebelando,
suas roupas estão organizando uma revolução:
tudo em prol de uma novidade.

Previsivelmente.

domingo, 18 de outubro de 2009

Conclusão drástica ao post anterior

Eu não sei esperar. Fato.
Não sei não contar os milésimos de segundo,
não olhar o relógio permanentemente,
não ligar insistentemente,
não mandar mensagem.
Quero saber sempre e tanto
porque se atrasam,
porque o amor não aparece,
porque esse tempo de espera é tão sufocantemente chato
(E um tanto controverso, devo dizer).
Não sei esperar pela chuva quando está muito calor:
Eu quero mesmo é que caia a tempestade de uma vez.
Não sei esperar por um sorriso
em meio às lágrimas;
Quero mesmo é uma crise de riso interminável.
Não sei esperar compreensão
quando não sabem nem me ouvir
e só me julgam.
Não sei esperar por mais um dia
quando o que me sufoca está se manifestando e sobrevivendo das horas desse dia cinza.
Não sei esperar por alguém
que não tem a capacidade de se entregar a um sentimento mais profundo e que esteja além do seu mundo fútil e torpe, maculado pela hipocrisia.
Não sei esperar pela calmaria da fé
quando as dúvidas me perseguem e me fazem vacilar.
Eu quero - e preciso- acreditar definitivamente em tudo que possa me fazer mais feliz, agora mesmo, sem volta.
Não sei esperar pelo tempo do plural
enquanto vivo a singularidade distorcida dos meus exageros
e personalidade tão intensa.
Eu quero plural e tempo verbal comandados pelo meu coração
e desejo.
Não sei esperar pelo próximo final de semana e festa
enquanto o silêncio da minha mente me pressiona.
Quero barulho e diversão sem fim.
Não sei esperar pelo CD novo do fulaninho de tal,
quero descobrir músicas novas todos os dias
para embalar todos os momentos.
Não sei esperar pela inspiração,
eu preciso transformar em palavras tudo que estiver (ou não) ao meu alcance.
Não sei esperar pela vida perfeita, momento perfeito
eu quero viver desesperadamente todos os momentinhos, todos os defeitinhos. Sofro de gula congênita.
Não sei esperar pela pessoa perfeita,
ela se perdeu no caminho e eu não posso educar minha suposta paciência
porque eu não sei e não posso esperar.
Não sei esperar.
Será que eu quero aprender?






'No breu de hoje, sinto que
o tempo da cura tornou a tristeza normal'

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Waiting

Vou deixar um banquinho ali e ir dormir em casa.
Ou quem sabe pagar alguém pra guardar meu lugar.
Posso me mudar pra lá e esperar bem pacientemente:
talvez um dia a fila se mova, ainda não sei.

Eu poderia fazer uma faixa bem grande
ou escrever 'eu vim aqui só pra te ver/te ter'!
Quem sabe me vestir de amarelo pra chamar mais atenção
ou usar salto alto pra conseguir ver mais além.
Já coloquei meu MP3 na mochila, uns livros e meu caderno de poesia,
acho que vai dar pra ocupar o tempo.
Provavelmente vai fazer frio,a chance de tempestade é muito grande
então já trouxe minha umbrella florida e meu casaco azul.
Tenho um plano perfeito.
Assim que abrirem os portões eu vou sair correndo sem olhar pra trás
vou fechar meus olhos
e me jogar na sua vida.
Seja o que Deus quiser.

Estou mesmo precisando de uma aventura.
Você é o escolhido.
Não deixe que eu me arrependa.





I guess you'd say what can make me feel this way

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pensou

Pensou que precisava deixar o amor entrar.
Abrir uma porta ou janela da salvação... na verdade poderia ser mesmo uma fresta.
Que fosse mínima, quase imperceptível, mas que proporcionasse sorrisos irrefreáveis,
suspiros esporádicos e quem sabe um pouco de alienação.

Pensou que precisava mudar o destino dos seus olhares.
Ou ao menos olhar o 'mesmo' com diferença,
ver além do perceptível,
acreditar em coisas impossíveis, precisava muito.

Pensou que precisava ter mais fé,
menos horas de sono
e mais sonho.
Sonhos, sabe? Mas desses que se vive de verdade,
esses que você pode tocar, sentir, viver,
eventualmente se arrepender depois,
mas ainda assim, são válidos.
Válidos sonhos.

Pensou que precisava mudar
sem tanto medo
ou perguntas.
Apenas seguir seu coração.

Pensou que precisava falar menos
e agir mais.
Expressar seu querer de uma forma menos desesperada
e muitas vezes mal interpretada.
Aprender a amar, ela precisava.

Pensou que devia usar as palavras melhor
pra se chatear menos.

Pensou que precisava de si mesma
mais do que nunca.
Com ou sem hipérbole.

Pensou que precisava sair e entender de uma vez
o que quer que seja.

Para o bem ou mal,
apenas mudar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ele me entenderia

Quis continuar sentindo o toque da felicidade tocar a sua pele essa manhã. Mudou a roupa de cama, dormiu um pouco mais, pegou um travesseiro extra, ouviu até a música preferida... Procurou uma receita de suflê de queijo e passou o resto da manhã na cozinha.
Nada adiantou.
Se distraiu, fuçou as funções do celular quatro vezes. Ligou para uma amiga mas não queria falar.
Na verdade nem queria ouvir sua própria voz.Aquela voz cheia de falsa alegria e calma.
Queria se jogar no abismo dos seus velhos sentimentos mal interpretados.
Desde o último encontro com seus sonhos já se foi tanto tempo
e tantos problemas
e tantas lágrimas e pessoas.
Desde o último sorriso já se sentiu afundar na melancolia tantas vezes mais.
A melancolia é bem mais intensa e categórica.
Nem o esmalte vermelho dissipou essa maré de azar e gritos.
Nem mais nada contém essa tristeza chata e inoportuna.



Falta muito.
Pra calar esse desespero.

Falta muito.
Pra ela se sentir bem e pretensamente 'igual'.

Falta muito.
Pra passar essa sina inominável.


Só Renato Russo entende :

'Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por quê me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim.'


(a diferença é que ninguém pensa)






O resto da música poderia ser verdadeira também...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Encontro

Ela abriu seus olhos devagar, com medo de percecer que aquilo tudo não passava de um sonho... Como tantos outros que ela já teve, alimentou, sentiu, sofreu e viveu em terras longuínquas dos seus devaneios.
Viu aqueles olhos castanhos. Escuros, intensos... os olhos que ela queria dentro dos seus, os olhos que ela daria uma vida para ver.
Não podia ser mentira.
Viu o sorriso se abrir e iluminar o ambiente, inundando o restaurante daquela luz da completude do momento mais feliz.
Sentiu as mãos dele tocarem seu rosto. Era verdade.
Sentiu o perfume discreto dele se misturar com o cheiro de baunilha, vinho e sushi.
Ouviu aquela risada absolutamente fantástica se misturar com os sons que vinham de tão,tão distante.
Ele perguntou 'O que foi? Eu beijo assim tão mal?'
Ela só podia tentar esconder a lágrima que insitia em aparecer e murmurou 'você beijou a minha alma.'
Era difícil respirar. Ele tinha levado toda calma embora.
Deixou só esse sentimento absurdo de encontro.
Tudo verdade.
Ele a abraçou forte, protegendo-a do vento que vinha da rua... olhou-a com a doçura e a calma que a paixão não tem, mas que só o amor concede.
'Te encontrei, finalmente', ele disse, muito seriamente.
'Mas eu nunca te abandonei', respondeu ela.












Então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desta os nós

Maria Gadú