segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mulher Perdigueira


Eu ainda tinha 20 e tantos quilos a mais. Ainda achava que o mundo era apenas o que meus olhos viam. Eu era uma recém chegada à Universidade de Brasília, uma caloura tipo B (segundo semestre), ainda iniciante na arte das letras e páginas de livro... que dirá poesia! Nem sabia direito o que era isso... pra comer ou beber?

Eu então fui ao meu primeiro Congresso de estudantes de Letras e eis que o conheci: Fabrício Carpinejar. Na época eu só tinha 17 anos e ainda não trabalhava o suficiente pra pagar o curso de Inglês e sobrar algum dinheiro, então só pude mesmo tirar uma foto. Nada de livros ou autógrafos. Nem precisava. A marca daquele encontro ficou retida em algum lugar na minha memória literária e passei um tempo lendo blogs, coisas soltas na Internet até que um livro seu me encontrou.

E fui finalmente diagnosticada.
"A mulher perdigueira sofre um terrível preconceito no amor.
Como se fosse um crime desejar alguém com toda intensidade.
Ela não deveria confessar o que pensa ou exigir mais romance.
Tem que se controlar, fingir que não está incomodadda, mentir que não ficou machucada por alguma grosseria, omitir que não viu a cantada do seu parceiro para outra.
Ela é vista como uma figura perigosa.
Não pode criar saudade das banalidades, extrapolar a cota de telefonemas e perguntas.
É condenada a se desculpar pelo excesso de cuidado.
Pedir perdão pelo ciúme, pelo descontrole, pela insistência de sua boca.
Exige-se que seja educada. Ora, só o morto é educado.
O homem inventou de discriminá-la. Em nome do futebol. Para honrar a saída com os amigos. Para proteger suas manias. Diz que não quer uma mulher o perseguindo. Que procura uma figura submissa e controlada que não pegue no seu pé.
Eu quero. Quero uma mulher segurando meus dois pés. Segurar os dois pés é carregar no colo.
Porque amar não é um vexame. Escândalo mesmo é indiferença."




Obrigada, Carpinejar!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Desgastante

Me canso muito fácil.
O computador me cansa, a lentião do teclado também.

A tarde me cansa,
o falatório também.

Até mesmo os sorrisos têm me cansado,
a rotina,e ntão, nem se fala.

Me canso muito fácil.
Cansei de mim
e desse amontoado sem propósito.

Me canso.
É assim.

Cansei.

E eu me pergunto:
Where is the love?

(talvez eu só não me canse de tentar entender...
será?)

domingo, 10 de outubro de 2010

publico ou não?

Ah, não sei.


Minha mente diz que não.


Meu coração diz que sim.

Enfim.


Amo sem nome.

Amo sem saber.

Se é sonho

se digo ou não.



Será que existe?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Avisa, coração.

Senhor coração,

Poderia, por favor, fazer a gentileza de avisar-me quando o amor da minha vida aparecer?

Poderia, por obséquio, mandar um sinal (sonoro, de fumaça...enfarte)?

Poderia me tocar com sua sensibilidade pra eu poder entender pra além dos meus olhos e perspectivas limitadas?

Poderia marcar meu futuro amor com um traço especial para que eu possa identificá-lo em meio à multidão de chatos? (sugestão: tatuagem - bem masculina- visível)

Poderia ter a bondade de me prevenir de mentiras através de um batimento diferente do normal?

Poderia,então,me mostrar qual a escolha certa? ( se é que existe escolha...)

Poderia me livrar de amores pela metade,
pessoas pela metade,
momentos pela metade?



Poderia, coraçãozinho, me advertir que amar demais também mata,

lembrar-me que é preciso tomar minha medicação ante-colapso-cardíaco todos os dias?

Poderia me ensinar a exercitar a paciência
e me obrigar a seguir a rotina de conhecer o outro sem pressa,
sem soluços,
sobressaltos
ou lágrimas?

Quero aprender.
Preciso aprender.

Poderia, finalmente, assinar esse termo de compromisso anexo?


Obrigada.






Escuta:








E pensa aí.
Que eu penso aqui,
meu coração.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tudo pra você






Tenho tudo preparado pra você.
Horas de sono dispensadas em prol do seu sorriso,
Dias de sol cuidadosamente planejados
para andarmos por aí, sem pressa,
sentindo o vento no cabelo,
rindo de piadas internas...

Tenho tudo preparado pra você.
Minhas músicas,
minhas manias,
meus abraços...

Tenho tudo preparado pra você.
Minhas lágrimas,
meus medos,
minha ansiedade doentia
que só a sua voz poderá conter.

Tenho tudo preparado pra você.
A verdade,
o carinho,
meus beijos mais intensos,
meu perfume doce
e minha miopia.

Tenho tudo preparado pra você.
Tudo em seu lugar.

Só estou aqui
esperando você chegar.




Meus melhores beijos serão seus...
Sinto que você é ligado à mim
Sempre que estou indo, volto atrás.
estou entregue a ponto de estar sempre só
esperando um sim ou nunca mais.
É tanta graça,
lá fora passa
o tempo sem você.
Mas pode sim,
ser sim amado
e tudo acontecer.
Quero dançar com você...


Uma das músicas mais lindas que já ouvi.
(e que seria muito mais divina com você aqui)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Habitat

Aqui é meu habitat. Isso me faz falta. Sinto falta das palavras que vivem aqui.
Que se manifestam nesse universo paralelo, confuso mas bem meu.
Sinto uma falta absurda de falar pra ninguém;
de escrever pra mim mesma, essa é que é a verdade.
Escrevo pra sobreviver, já me disse isso, já confirmei a teoria e ainda não sei porque às vezes ainda resisto.
Sou produto de mim mesma,
das minhas letras,
das minhas palavrinhas,
da minha poesia
que acredito viver aqui.
É a poesia que me pega no colo sempre que vacilo...
é ela que me lembra quem eu sou,
que me grita verdades que mas ninguém ousa dizer (que dirá GRITAR!)...
Eu pertenço à poesia.
Só Deus sabe a alegria que percorre meu corpo quando leio as bobeiras que escrevi há anos,
ou leio Neruda, Bandeira,
meu insondável Pessoa...
quando escuto uma música que transfigura a poesia em melodia...
Algo acontece bem aqui. Não sei nomear.
Só sei sentir.
Só sei ser eu.

Cheia de poesia
e defeitos.

Aqui eu posso encarar tudo isso de fato.
Ninguém vai ler mesmo.

Eu quero voltar.
Eu preciso voltar.
A ser a garota devaneio
ou a doida de pedra que eu sempre fui sem receios.
Preciso honrar essa complexidade que me moveu,
o exagero que me consumiu,
o lirismo que já me tomou...
onde estão as partes de mim?

Preciso me sentir eu.
Meu habitat.
Meu mundo de poesia.

Preciso encontrar...
respirar de novo, acreditar de novo.
Preciso.

Aqui.



And you come to me on a summer breeze
Keep me warm in your love then you softly leave
And it's me you need to show
How deep is your love

quinta-feira, 22 de julho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Away


Mas horas há que marcam fundo...
Feitas, em cada um de nós,
De eternidades de segundo,
Cuja saudade extingue a voz.

Ao nosso ouvido, embaladora,
A ama de todos os mortais,
A esperança prometedora,
Segreda coisas irreais.

E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao se mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...
(Manuel Bandeira)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

É assim que a banda toca

Não vou escutar os clichês desse coração.

Vou seguir as linhas tortas do meu querer.

Deixar os raios de Sol passarem pela fresta.

Esse samba-enredo dos dias de stand by

Vai continuar tocando.



Não vou dar ouvidos aos chatos

E hipócritas de plantão.

Deixa estar que já passou.

Tudo já vivido agora não é mais que uma sombra.

Só permanece a certeza de que bem ou mal,

Vou continuar escrevendo

Sobre o que eu bem entender.



Tanto faz a última tendência literária

Quem me guia é surdo,

Não lê o jornal do dia

E é extremamente antipático.

E daí que o dia anda cinza

E a umidade relativa do ar anda cada vez mais baixa?

E se as novidades da TV ou dos amigos

Nem surpreendem mais?

Nem ligo se o bolo queimou

Ou se todos os funcionários do mundo

Estão em greve.

Não to nem aí.



Vou continuar existindo paralelamente

Às grandes tragédias – pessoais ou não.

Vou permanecer falando expressões em Inglês

Sem perceber.

Pintando as unhas de vermelho

E defendendo minhas crenças sobre religião, superioridade
Cruzeirense,

Diversidade lingüística e música boa sem rótulos.



Eu mudo mesmo.

Se amanhã descobrir algo novo, lindo

E válido, vou mudar de opinião de novo.

É minha e eu pinto da cor que eu quiser.

Não me importo se me julgarem.

Estamos aí pra isso mesmo...



Mas não venha me falar de verdade

Se você só pratica a
mentira.

segunda-feira, 12 de abril de 2010












How happy is the blameless Vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd.y

domingo, 11 de abril de 2010

Enfim

Seu olhar lança sobre mim todos os sonhos,
Óbvios ou não.
Quer me contar as tristezas que já viveu,
Os amores que já te maltrataram,
Para que assim eu possa curar-te.
Permita-me.

Seu olhar lança sobre mim todo o desejo...
Tão novo,
Tão inesperado.
Pele, lábios e abraços.
Sinestesicamente te manter imerso à minha vida.

sábado, 6 de março de 2010

Sem porque

A finalidade dessas lágrimas é torpe.
Não tem porque,
na realidade elas nem queriam existir.
Só precisavam de uma maneira de viver por entre a mentira que invade
todo e qualquer filete desse mundo.
Meu mundo.
Anda cinza.
Descolorido pela inconstância de ser e sentir
tudo que sinto sem respaldos.
Sem porque.... continuo te amando.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Limites

Nos limites é que aprendemos, isso é uma verdade quase que irrefutável. É na experiência do pior que limpamos os olhos com as lágrimas e enxergamos mais claramente tudo e todos que nos cercam.
Na verdade, verdadeira, só aprendemos mesmo com a experiência.
Não há outra forma mais definitiva de aprendizado.
Por mais que o mundo inteiro te diga algo, por mais que seus amigos tentem te transmitir diversos pontos de vista, você só aprende mesmo quando vive, quanto vivencia determinado momento.
E não adianta: vale-experiência não passa na catraca da vida.

É tudo muito doloroso, mas de fato, a experiência do limite faz milagres no way of life de todo mundo, justamente porque os limites são desconstruídos todo o tempo.
O que hoje era impossível, amanhã precisa ser verdade. Precisa ser superado.
Nessa desconstrução se constrói um caráter quase-novo, repensado e refeito pelos percalços.

Nos limites é que a gente aprende de verdade quem somos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O tempo do suposto amor

Uma pessoa para usar todos os pronomes possessivos, é essa a oferta do amor ultimamente. É uma oferta bem limitada, se o caro leitor me permite ressaltar. Na boca de meio mundo estão todas as razões para estar casado com fulano/a: inteligente, ótimo emprego, gosta de Beatles, boa dentição, perfume importado, paga a conta sempre, é hétero convicto... Ótimo, parabéns, mas não ouvimos falar da capacidade de amar, ouvimos? E sabe por quê? Porque é tão preocupante como uma epidemia ou uma catástrofe natural: nós não sabemos sentir.

Não temos a menor pista de como viver nossos sentimentos na medida do saudável. Não sabemos delimitar nossos desejos, não aprendemos a dividir coisa nenhuma. Vivemos num mundo de egoísmo sentimental, pessoas se divertem com a unilateralidade de sentimentos. Quem nunca ouviu um conhecido dizer ‘É, ele/ela me ligou, vive correndo atrás, mas eu não atender esse telefone nunquinha!’ ou a mais avassaladora de todas: ‘Ah, é bem simpático/a, mas...”? Já ouviu ou já disse isso ao menos uma vez na vida. Se não verbalizou, pensou, garanto.

Vivemos, aliás, o tempo do não-verbalizado. Refiro-me à verdade, porque a mentira, ah, essa sim, anda bem expressa nos depoimentos e twitter de casais perfeitamente felizes, que sorriem e se abraçam pras fotos mas o status ‘namorando’ não é mais que um paliativo pra manter a solidão de duas pessoas supostamente contida. As palavras se tornaram esconderijos para as promessas que não serão cumpridas, fonte pra manter as aparências e alimentar essa vida de hipocrisia.

E o mais incrível em tudo isso é que nos conformamos! Vivemos bem passivamente essa inércia do mesmo... Não ouvimos ninguém reclamar desse sistema de joguinhos e podridão, não se vê ninguém protestando contra esse mundo de permissividade e banalização do amor. Todos estão preocupados com o futuro do planeta, mas o que será do nosso coração consumista se a situação continuar progredindo sem qualquer barreira? Preocupam-se em usar ecobags e canecas, mas nunca ouvi o Jornal Nacional falar da impossibilidade de reciclar ou mesmo reutilizar suas amizades, seus amores, até porque Fátima Bernardes e William Bonner formam um casal perfeito.

Ninguém pensa em mudar sua maneira de amar. Uns até evitam o sentimento, suas reviravoltas, seus sorrisos e lágrimas. Ninguém quer tentar um caminho novo. É amedrontador, é verdade, mas ainda precisamos crer que o tempo de sentimentos mais refinados e mais bem cuidados está por vir. Mas quem disse que seria fácil?

Quando o tempo do amor chegar, quem sabe a gente se encontre por aí e possa falar as verdades que sempre guardamos, colocar em prática as loucuras que o medo nos privou? De relacionamentos entendo pouco, mas algo precisa se tornar uma verdade universal: ‘precisamos uns dos outros para sermos nós mesmos (autor desconhecido)’.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Definição máxima

Escrevi esse texto há bastante tempo,mas não consigo não me encontrar nele sempre que releio. Resolvi dividir meus extremos também...



Não adianta me oferecer um minuto da sua atenção.
Eu desejo horas de conversa fútil,
Um dia dedicado à minha pessoa.

Não adianta me oferecer sua mão.
Eu quero o braço todo, com dedos, unhas e apertos.

Não adianta me oferecer um abracinho
Eu quero ser sufocada por um abraço interminavelmente longo.
Não adianta discutir. Eu quero.

Não adianta nada me oferecer só um pedacinho,
Eu não vou aceitar.
Quero muitos kilos, todas as medidas que puder usar pra pesar meu desejo.

Não adianta tentar usar paliativos comigo.
Eu não me convenço.
Eu conheço o muito.
Eu quero tudo.

Não adianta me oferecer um beijo
Eu quero plural e falta de ar.
Mordidas e suspiros.
Economia não me alimenta.

Nem tente me oferecer só um pouquinho de você.
Cale a sua boca,
Pense muito bem no que me dizer
E se entregue completamente.
É pegar ou largar.

Não adianta tentar me suprir com meias-verdades
Ou hipocrisia
Porque eu sinto o cheiro desse tipo de atitude de longe.
Seja verdadeiro
E se prepare porque eu também vou ser.
Aqui se faz aqui se paga.
E o preço é bem caro, aviso logo.

Não adianta me enganar com eufemismos
Eu gosto mesmo é da hipérbole.

Não pense em me maltratar devagarzinho...
Manter joguinhos ridículos
Porque eu não nasci pra esses melindres.
Jogue na minha cara que meu jeito te irrita,
Ou que a maneira como eu te olho é uma afronta.
Assuma, covarde.

Não adianta me chantagear com motivos pequenos.
Eu quero mesmo é ver o circo pegando fogo.

Não tente me mudar com argumentos simples.
Quero uma discussão válida
E quem sabe uma briga bem fundamentada.
Escolha seu lado e verbalize.

Não adianta me querer bem pouquinho.
Não aceito a mediocridade do diminutivo.
É assim mesmo.

Não adianta me levar no banho-maria
Eu só vivo nos extremos.
O crime compensa.

Não adianta questionar.
Eu já fiz isso
E não vou mudar.
Aceite e aproveite.