sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Let it be

Não apareça mais aqui, por favor.
Tire seu rosto da minha memória
E me faça esquecer o que nunca aconteceu.
Me deixe esquecer o formato do seu sorriso,
A maneira como fecha os olhos quando sorri
Ou a maneira como ri das minhas piadas inócuas.
Me deixe parar de sonhar com você,
Com nosso encontro que nunca teve lugar nesse emaranhado de coisas não-concretas.
Me permita viver sem te querer.
Isso é uma súplica.
Me abandone dessa tristeza do que eu não posso ter.
Me prenda nesse quarto
Que seria perfeito pra nós dois.
Me mantenha nesse ar de previsibilidade e monotonia.
Não me deixe querer sentir seu cheiro bem de perto.
Não me dê espaço pra te amar.
Nunca acaba bem.
Me tranque dentro dessa eufórica melancolia
E aqui eu ficarei
Sem te esperar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Em silêncio

Hoje é um dia de silêncio em meu coração.
A noite foi turbulenta. As memórias sacudiram minha mente,
As semi-memórias macularam meu descanso,
O irrealizável maltratou minha segunda-feira.
Hoje é um dia de tristeza.
Quero dar nome às lágrimas,
abandonar qualquer filete de felicidade
e falar bem baixinho.
Hoje é um dia pra ser sozinha,
pra reutilizar esse vazio de coisa nenhuma.
Hoje é um dia para sofrer
esse desafio da espera.

Sem álibes.
Sem motivos muito claros,
mas todos tão justificáveis.
Hoje é um dia nublado no meu coração.
Nem tempestade, nem sol, apenas nublado.
Pouco demais.
Não cura nem mata.
Hoje é um dia de músicas sussurradas,
angústia
e cigarro, se eu fumasse.
Hoje é um dia sufocante.
As mágoas dos últimos tempos estão se organizando
pra tomar minha fé.
Hoje é um dia de quietude;
silenciar,
pra quem sabe entender.
Ouvir apenas... pra continuar vivendo.
Hoje é um dia de poesia...
a mais triste que puder ler.
Hoje é dia de soluços contidos.
Dia de pensar a verdade sobre si mesmo
e apenas chorar. (não há outra opção)
Hoje a palavra melancolia é pequena demais
pra conter tantos significados supostamente ocultos.
Hoje nem o uso de primeira pessoa consola.
Hoje é um dia de olhos fechados
e stand by.
Hoje nem a súplica é suficiente.
Hoje é um dia de nadas.
Hoje é um dia pra esquecer.

Cala essa dor dos silêncios do meu coração...
Não quero mais.






Você que já não diz pra mim
As coisas que eu preciso ouvir
Você que até hoje eu não esqueci
Você que eu tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade é que em mim você ficou

Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você e hoje nada sou.

(Roberto Carlos)

domingo, 8 de novembro de 2009

Nothing

Não preciso de desculpas para me conter.
Não preciso de motivos reais e plausíveis para escrever, essa verborragia me persegue a tormenta,
maltrata e acalenta.
Não preciso de olhares vazios de sentido ou ligações baseadas em desejos pouco úteis pra me sentir bem no final da noite.
Não preciso de consolo porque o que sinto vai bem além de tudo que eu posso explicar.
Meu lirismo é romântico.
Saúda aqui a melancolia que definitivamente me cabe,
Toca a solidão que eu mesma... preciso entender.
Não preciso dessa música tocando tão alta,
esse catalizador de sentimentos.
Eu sinto sempre e tanto.
Esgoto as possibilidades da primeira pessoa,
exagero o exagero de qualquer coisa.
Não preciso entender essa ausência do que não existe,
estou esmurrando meu teclado preto
em busca de supostas respostas que não vão acalmar meu espírito em nenhum sentido.
Não preciso de pessoas novas,
festas movidas a futilidades
ou beijos sem porque.
Preciso de qualquer coisa
que não pertença à esse ciclo de mágoas e déjà vu.


Nada, não é nada não...
Não me pergunte porque eu não estou.

Sempre nadas
me atormentando

domingo, 25 de outubro de 2009

Previsivelmente

Frequentemente tinha vontade de sair correndo.
De largar tudo pra depois, pra um data indeterminada.
Queria apenas esquecer.

Queria ser clichê e aceitar isso bem calmamente.
Queria saber sobre o que escrever agora.

Quase sempre queria escutar uma música que ainda não existe
ou ouvir uma palavra completamente nova.

Tudo é tão pouco.
Nada é tão interessante.

Seus olhos castanhos estão querendo mudar de cor,
seu cabelo está se rebelando,
suas roupas estão organizando uma revolução:
tudo em prol de uma novidade.

Previsivelmente.

domingo, 18 de outubro de 2009

Conclusão drástica ao post anterior

Eu não sei esperar. Fato.
Não sei não contar os milésimos de segundo,
não olhar o relógio permanentemente,
não ligar insistentemente,
não mandar mensagem.
Quero saber sempre e tanto
porque se atrasam,
porque o amor não aparece,
porque esse tempo de espera é tão sufocantemente chato
(E um tanto controverso, devo dizer).
Não sei esperar pela chuva quando está muito calor:
Eu quero mesmo é que caia a tempestade de uma vez.
Não sei esperar por um sorriso
em meio às lágrimas;
Quero mesmo é uma crise de riso interminável.
Não sei esperar compreensão
quando não sabem nem me ouvir
e só me julgam.
Não sei esperar por mais um dia
quando o que me sufoca está se manifestando e sobrevivendo das horas desse dia cinza.
Não sei esperar por alguém
que não tem a capacidade de se entregar a um sentimento mais profundo e que esteja além do seu mundo fútil e torpe, maculado pela hipocrisia.
Não sei esperar pela calmaria da fé
quando as dúvidas me perseguem e me fazem vacilar.
Eu quero - e preciso- acreditar definitivamente em tudo que possa me fazer mais feliz, agora mesmo, sem volta.
Não sei esperar pelo tempo do plural
enquanto vivo a singularidade distorcida dos meus exageros
e personalidade tão intensa.
Eu quero plural e tempo verbal comandados pelo meu coração
e desejo.
Não sei esperar pelo próximo final de semana e festa
enquanto o silêncio da minha mente me pressiona.
Quero barulho e diversão sem fim.
Não sei esperar pelo CD novo do fulaninho de tal,
quero descobrir músicas novas todos os dias
para embalar todos os momentos.
Não sei esperar pela inspiração,
eu preciso transformar em palavras tudo que estiver (ou não) ao meu alcance.
Não sei esperar pela vida perfeita, momento perfeito
eu quero viver desesperadamente todos os momentinhos, todos os defeitinhos. Sofro de gula congênita.
Não sei esperar pela pessoa perfeita,
ela se perdeu no caminho e eu não posso educar minha suposta paciência
porque eu não sei e não posso esperar.
Não sei esperar.
Será que eu quero aprender?






'No breu de hoje, sinto que
o tempo da cura tornou a tristeza normal'

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Waiting

Vou deixar um banquinho ali e ir dormir em casa.
Ou quem sabe pagar alguém pra guardar meu lugar.
Posso me mudar pra lá e esperar bem pacientemente:
talvez um dia a fila se mova, ainda não sei.

Eu poderia fazer uma faixa bem grande
ou escrever 'eu vim aqui só pra te ver/te ter'!
Quem sabe me vestir de amarelo pra chamar mais atenção
ou usar salto alto pra conseguir ver mais além.
Já coloquei meu MP3 na mochila, uns livros e meu caderno de poesia,
acho que vai dar pra ocupar o tempo.
Provavelmente vai fazer frio,a chance de tempestade é muito grande
então já trouxe minha umbrella florida e meu casaco azul.
Tenho um plano perfeito.
Assim que abrirem os portões eu vou sair correndo sem olhar pra trás
vou fechar meus olhos
e me jogar na sua vida.
Seja o que Deus quiser.

Estou mesmo precisando de uma aventura.
Você é o escolhido.
Não deixe que eu me arrependa.





I guess you'd say what can make me feel this way

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pensou

Pensou que precisava deixar o amor entrar.
Abrir uma porta ou janela da salvação... na verdade poderia ser mesmo uma fresta.
Que fosse mínima, quase imperceptível, mas que proporcionasse sorrisos irrefreáveis,
suspiros esporádicos e quem sabe um pouco de alienação.

Pensou que precisava mudar o destino dos seus olhares.
Ou ao menos olhar o 'mesmo' com diferença,
ver além do perceptível,
acreditar em coisas impossíveis, precisava muito.

Pensou que precisava ter mais fé,
menos horas de sono
e mais sonho.
Sonhos, sabe? Mas desses que se vive de verdade,
esses que você pode tocar, sentir, viver,
eventualmente se arrepender depois,
mas ainda assim, são válidos.
Válidos sonhos.

Pensou que precisava mudar
sem tanto medo
ou perguntas.
Apenas seguir seu coração.

Pensou que precisava falar menos
e agir mais.
Expressar seu querer de uma forma menos desesperada
e muitas vezes mal interpretada.
Aprender a amar, ela precisava.

Pensou que devia usar as palavras melhor
pra se chatear menos.

Pensou que precisava de si mesma
mais do que nunca.
Com ou sem hipérbole.

Pensou que precisava sair e entender de uma vez
o que quer que seja.

Para o bem ou mal,
apenas mudar.