quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ele me entenderia

Quis continuar sentindo o toque da felicidade tocar a sua pele essa manhã. Mudou a roupa de cama, dormiu um pouco mais, pegou um travesseiro extra, ouviu até a música preferida... Procurou uma receita de suflê de queijo e passou o resto da manhã na cozinha.
Nada adiantou.
Se distraiu, fuçou as funções do celular quatro vezes. Ligou para uma amiga mas não queria falar.
Na verdade nem queria ouvir sua própria voz.Aquela voz cheia de falsa alegria e calma.
Queria se jogar no abismo dos seus velhos sentimentos mal interpretados.
Desde o último encontro com seus sonhos já se foi tanto tempo
e tantos problemas
e tantas lágrimas e pessoas.
Desde o último sorriso já se sentiu afundar na melancolia tantas vezes mais.
A melancolia é bem mais intensa e categórica.
Nem o esmalte vermelho dissipou essa maré de azar e gritos.
Nem mais nada contém essa tristeza chata e inoportuna.



Falta muito.
Pra calar esse desespero.

Falta muito.
Pra ela se sentir bem e pretensamente 'igual'.

Falta muito.
Pra passar essa sina inominável.


Só Renato Russo entende :

'Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por quê me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim.'


(a diferença é que ninguém pensa)






O resto da música poderia ser verdadeira também...

Um comentário:

  1. Não tem um texto seu que não mexa comigo! Vc é realmente boa, amiga! Promete que autografa seu primeiro livro pra mim? =***

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